sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O Nome do Vento ~ Patrick Rothfuss


Eu sempre tive inveja de Carol por uma coisa em particular: quando ela lê um livro, mais parece que está assistindo uma película com imagens, sons e efeitos especiais, tamanha é a empatia pela leitura. Eu nunca li um livro dessa maneira, até ler O Nome do Vento de Patrick Rothfuss.

O Nome do Vento, O Temor do Sábio e Os Portões de Pedra*(que ainda será lançado) são os livros que fazem parte das Crônicas do Matador do Rei, um livro de fantasia/aventura épica. Quando falava de fantasia épica, dois nomes pipocavam na minha cabeça: Senhor dos Anéis e Nárnia. Nada mais justo pela relevância histórica e literária das duas obras. Mas usando as palavras do próprio autor, Patrick Rothfuss, o que eu ia querer ler depois de uma fantasia épica? O que há pra fazer depois de salvar o mundo? Salvar o mundo...de novo?

Ciente disso, O Nome do Vento começa contando a história do lendário Kvothe (se lê "kuoth"), o Arcano. Kvothe, o Sem-Sangue. Kvothe, o Matador do Rei. Uma figura com tantos episódios memoráveis na sua vida que muitos acreditam que seja apenas uma lenda ou outros que nunca existiu. Mas existiu e hoje ele se denomina Kote, o hospedeiro (por ser dono de uma pacata estalagem) e nega ser essa figura lendária. O motivo? E quem sabe?

Primeiro o livro me chamou atenção pela bela capa. Depois pelo personagem principal ser um bardo. Nada de guerreiro "escolhido", nada de arqueiro habilidoso por natureza ou destinado a fazer algo. Apenas um bardo que andava com sua trupe, os Edena Ruh.

O que me leva a outro ponto que demorei a começar a leitura do livro, mesmo Laís tendo me indicado há quase um ano! Pensei: por ser um bardo, deve estar cheio de músicas e cantarolisses no meio da história. Entenda, é belo se visto como poesia, mas ler e imaginar como soaria uma canção sem ter a mínima ideia é meio frustrante pra mim, então não, Tolkien. Mas a música é muito bem usada. Aliás, é uma parte importantíssima da construção do personagem principal, sem tornar cansativo, enfadonho ou frustrante.

Porém quando comecei, deslanchei na leitura: capítulos curtos (isso acho importantíssimo!), dinâmicos e uma narrativa afiada como uma lâmina de um mercenário Ademriano.

E foi aí que eu percebi o milagre do enredo, no qual eu me via conversando com o personagem, gesticulando, gritando pra um livro. Muita gente faz isso e eu ficava pensando o quanto de emoção tinha verdadeiramente nisso. A resposta, claro: muita!

Um bom livro me transmite ideias, pensamentos e pela primeira vez, me deixa ansioso, com raiva e gargalhando. Não na minha cabeça, aquele sorrisinho de canto de boca, mas expressado com o corpo todo, rindo alto ou xingando no meio da rua a ação de um outro personagem.

O primeiro livro adquire tamanha velocidade que mesmo a meio caminho de terminar, comprei o segundo, pois não iria simplesmente parar. E continua no segundo, O Temor do Sábio, num ritmo mais frenético ainda.

A tradução também está impecável, embora claro, muita gente prefira o original.

Porque falei de Nárnia e Senhor dos Anéis lá em cima? Eu não quero comparar, até porquê eles dividem pouquíssimos aspectos além do gênero literário. Falei porquê se você NÃO leu nenhum deles e quer conhecer esse estilo literário, tem interesse, tenho quase certeza que vai gostar. Se você JÁ leu os dois, vai gostar duas vezes mais, pelo simples fato de... não salvar o mundo de novo!

O autor levou 14 anos pra escrever. 7 escrevendo e mais 7 editando, polindo pra que tu ficasse como você vai encontrar nesses livros. Dá pra notar a grande pesquisa nas impressionantes histórias dentro das história, passando por nações que não mais existem, povos que talvez nunca tenham existido até forças como o próprio Cristianismo hoje em dia.

Bom, chega de falar! Como me disse Laís ao começar minha leitura: "Sejam bem vindos aos Quatro Cantos da Civilização, onde vocês conhecerão novas lendas, línguas e cantigas".

O Nome do Vento tem 656 páginas e custa em média 49,00 R$. O Temor do Sábio tem 960 páginas e custa também 49,00 R$, muito bem gastos, posso dizer.






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